Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



Navegação em caiaques


CARTAS NÁUTICAS
As cartas náuticas são representações planas reduzidas de uma área navegável, contendo diversas informações importantes para canoísta. Permitem visualizar a região navegada, medir distâncias, estabelecer rumos de navegação e determinar coordenadas geográficas, entre outros procedimentos essenciais à navegação.
O título da carta indica o país, a parte do litoral e o trecho coberto pela carta.
A escala de redução informa o quanto o terreno real foi reduzido. Em uma carta em escala de 1: 25 000, por exemplo, as dimensões reais foram reduzidas 25 000 vezes, ou seja, cada centímetro na carta, equivale a 25 000 centímetros do terreno, ou 250 metros. Quanto maior for a escala, maior será a precisão da carta, logo, uma carta na escala de 1 : 25 000 (menor denominador) é mais precisa do que a de 1 : 50 000 (maior denominador), pois foi menos reduzida.
Os paralelos (linhas horizontais) e os meridianos (linhas verticais) são usados como referência para estabelecer as coordenadas de um ponto, cuja leitura é feita sobre as escalas de latitude e de longitude. A escala de latitude, impressa nas laterais da carta, é a mais fiel escala de distâncias de uma carta náutica. Com ela podemos determinar em milhas náuticas a distância entre dois pontos.
As profundidade e as altitudes são expressas em metros e têm como referência a média das baixamares de sigízia (ver marés). As profundidades são indicadas por números espalhados pelos planos d’água (sondagens) e por linhas isobatimétricas (mesma profundidade). As altitudes são representadas por curvas de nível, linhas unindo pontos do relevo situados na mesma altitude.
As cartas apresentam uma rosa dos ventos posicionada na direção do norte verdadeiro (Nv), contendo uma outra rosa indicando o norte magnético (Nm). A diferença angular entre as duas é chamada declinação magnética e seu valor está indicado, juntamente com o valor da sua variação anual, dentro da rosa dos ventos.
Faróis, faroletes, bóias e outros auxílios à navegação são representados na carta acompanhados da descrição abreviada de suas características.
Além desses elementos, as cartas informam a localização de áreas restritas e proibidas à navegação, locais onde não é permitido o ancoramento, canais de navegação dragados para trânsito de navios de grande calado, pontos de referência em terra, tipos de fundo, dentre muitas outras informações.

ROTEIRO DE NAVEGAÇÃO
Antes de partir para uma viagem de caiaque, é importante fazer um roteiro considerando a distância entre o ponto de partida e o ponto de chegada, a velocidade presumida do barco e o rumo do deslocamento pretendido. Durante a fase de planejamento de uma excursão, o roteiro serve para estabelecer as etapas da viagem em função do desempenho dos remadores e, durante a viagem, permite acompanhar o andamento da remada e verificar os desvios.
Para fazer um roteiro de navegação, trace na carta uma reta do ponto de partida até o destino final. Se não for possível atingir o objetivo diretamente numa reta só (rota simples), trace as retas entre todos os pontos intermediários até o ponto de chegada. Estarão então representadas as diversas direções a serem adotadas para fazer o trajeto pretendido (rota composta).
Em seguida, meça a distância de cada trecho. Em navegação, as distâncias são medidas em milhas náuticas, pois o deslocamento do barco não se faz em linha reta, descrevendo, na verdade, um arco de circunferência. Uma milha equivale ao comprimento do arco de circunferência da superfície da terra delimitado por um ângulo de um minuto (1’), ou seja 1852 metros¹. Para saber a distância entre dois pontos na carta, abra um compasso ou estique um pedaço de barbante entre eles, transporte essa medida até a escala de latitude e leia o resultado. Cada minuto na escala de latitudes corresponde a uma milha náutica. Você também pode transportar a medida diretamente para uma escala métrica impressa em uma das bordas da carta ou, ainda, usar uma régua milimetrada e, com base na escala de redução, calcular a distância aproximada em metros.
Depois estime o tempo necessário para percorrer cada trecho, considerando a velocidade do canoísta mais lento do grupo. A velocidade pode ser calculada cronometrando o tempo de remada de um trajeto com distância conhecida. Um percurso de 1500m feito em 15 minutos, por exemplo, permite supor uma velocidade de 6 km/hora ou 3,2 nós² . Todavia, é preciso considerar as variações em função do condicionamento físico do remador, da distância percorrida (quanto maior a distância, menor a velocidade média), do tipo de barco utilizado (há barcos mais e menos velozes), das condições ambientais (vento, ondas e correntes) e da quantidade de carga transportada (mais carga, menor velocidade).
Finalmente determine o rumo de cada singradura. Rumo é a direção seguida pela embarcação medida em graus a partir de um norte de referência. Para conhecer um rumo verdadeiro trace uma paralela da reta correspondente ao trecho, passando pelo centro da rosa dos ventos impressa na carta. Essa paralela cortará a rosa em dois pontos: um corresponde à direção pretendida ou rumo verdadeiro (Rv) e o outro ao oposto dessa direção (recíproca). Também podemos verificar um rumo na carta, prolongando a reta correspondente ao trecho até o meridiano ou paralelo mais próximo e com auxílio de um transferidor verificar o ângulo indicado.
Faça uma tabela com todos os dados, incluindo também os rumos magnéticos (Rm) de acordo com declinação magnética. Para encontrar a declinação magnética para um determinado ano, multiplique o valor da variação anual (impresso dentro da rosa dos ventos) pelo número de anos decorridos desde o ano de referência e some ao valor da declinação indicada. Por exemplo: uma carta de 1990 indica uma declinação de 20° 05’ W e uma variação anual de 7’ W. Em 2006 terão decorridos 16 anos desde o ano de referência da declinação (2006 - 1990), logo a variação da declinação será de 112’ (16 x 7’) ou 1° 52’ (1° = 60’) e, a declinação em 2006, 21° 57’ (20° 05’ + 1° 52’) ou, arredondando para o valor inteiro mais próximo, 22°W.
No litoral brasileiro, a declinação magnética (Dm) ocorre sempre para oeste, de forma que a conversão de uma direção verdadeira (dir.v) para magnética (dir.m) é feita somando à primeira o valor da declinação magnética para o ano em questão (dir.m = dir.v + Dm). Para converter uma direção magnética em direção verdadeira subtraímos da primeira o valor da declinação (dir.v = dir.m - Dm). Quando a declinação ocorre para leste, o procedimento se inverte: dir.m = dir.v - Dm e dir.v = dir.m + Dm.
Exemplo: Navegação estimada da Praia da Urca até a Ponta da Ribeira em Paquetá, passando por Gragoatá, Mocanguê, Jurubaíba e Tapuamas de Dentro.

Ponto de partida / Pontos de referência / Distância em Km / Tempo estimado (6 km/h) / Rv / Rm*
Pr. da Urca / Gragoatá / 5.7km / 57 min. / 30° / 50°
Gragoatá / Mocanguê / 4.6km / 46 min. / 355° / 15°
Mocanguê / Jurubaíba / 7.0km / 1h10 min. / 20° / 40°
Jurubaíba / Tapuamas / 1.8km / 18min. / 35° / 55°
Tapuamas / Pta. da Ribeira / 2.6km / 26min. / 0° / 20°
Distância total: 21.7 km
Tempo estimado: 3h30min.
* Declinação magnética de 22° W, arredondada para 20.
(1) A circunferência da terra mede 40 000 km, logo o arco de circunferência delimitado por um grau (1°) mede 111 km (40 000 km divididos por 360° ) e, da mesma forma, o arco de um minuto (1’) vale 1852 m (111 km divididos por 60’).
(2) Em navegação, a velocidade é expressa em nós. Um nó equivale a 1 milha por hora, ou 1852 m/hora.
Referência: Navegar é fácil