Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



Começando a remar


REMAR É FÁCIL

Qualquer um pode remar, basta ter acesso a alguns materiais básicos e disposição para vencer algumas dificuldades iniciais. O canoísta não precisa ter nenhuma característica física particular, nem habilidades específicas, porém deve saber nadar. A proximidade da orla, associada à facilidade de transporte de um caiaque, deveriam fazer da canoagem uma atividade natural para o carioca.
A maioria dos caiaquístas que conheço começou de forma espontânea, sem nenhum tipo de instrução formal. No entanto, é mais seguro começar acompanhado de alguém mais experiente ou fazer algumas aulas com um professor qualificado. No Rio de Janeiro, o Clube Carioca de Canoagem oferece cursos de iniciação e a possibilidade de participar de treinos regulares, além de organizar passeios e excursões. O clube fornece os materiais e equipamentos e a instrução técnica para que o iniciante possa se familiarizar com o barco e aprender com mais facilidade manobras básicas de remada, direcionamento e resgates.
Começar com um grupo é mais seguro, dá mais confiança e facilita o aprendizado. Além disso, o neófito não vai precisa comprar nenhum material antes de se certificar que deseja realmente praticar a canoagem e, no caso de realmente se tornar um praticante, o fato de ter remado vários barcos dará uma idéia mais clara daquele que deseja para si, favorecendo uma escolha mais acertada.
A prática da canoagem requer apenas vontade para desenvolver um bom condicionamento físico, equilíbrio e coordenação motora, condições adquiridas e aprimoradas com treinos regulares. As dificuldades mais comuns estão relacionadas com a posição do corpo na cabine, causa de dores nas costas, nos quadris e nas pernas, além de câimbras e dormência nas pernas e nos pés. Também podem ocorrer dores nos ombros, pois parte do esforço da remada é realizado com os músculos dessa região. Todas essas dificuldades são superadas com a prática, desde que o canoísta esteja bem adaptado ao seu caiaque.
Outra dificuldade é o medo. Medo do mar, medo de virar e não conseguir subir no caiaque de volta, medo de ficar preso, medo de não ter braços e fôlego para enfrentar um vento mais forte, enfim, medo. A melhor coisa para superar o medo é treinar e tomar todas as providências para minimizar os riscos. É recomendado começar com calma, sempre acompanhado de alguém para ajudar no que for preciso, treinar cada manobra até ter domínio sobre o barco e ganhar confiança. Avaliar honestamente as condições físicas e técnicas é imprescindível antes de tentar qualquer manobra mais arriscada ou de se aventurar a fazer um percurso mais longo ou em águas desabrigadas.

MATERIAIS BÁSICOS

Caiaque

Existem muitos modelos de caiaques de acordo com a utilização ou modalidade para a qual se destinam. Os caiaques podem ser de velocidade, de slalom, de surfe, de pólo, de maratona, de corredeira e de mar. Podem ser abertos ou fechados, duplos, triplos ou quádruplos. Os materiais mais comuns usados atualmente na construção de um caiaque são a fibra de vidro, a fibra de carbono e o polietileno rotomoldado.
Para uma finalidade turística e recreativa em ambiente marinho, os caiaques têm mais de 4 metros de comprimento por 60 cm de largura e pesam mais ou menos 15 Kg. A proa é alta e cortante e a linha de quilha é levemente arqueada.

Remo

O remo do caiaque, também chamado de padelo, apresenta duas pás torcidas num ângulo entre 0 e 60° para que a pá que estiver fora d’água possa “cortar” o ar reduzindo a resistência do vento. Em geral, os remos têm uma haste de alumínio e pás de plástico ou fibras sintéticas.
Atualmente, são fabricados muitos tipos de remos, com vários formatos de pá, alguns com performances extraordinárias e preços astronômicos. Basicamente, há três estilos de pá de remo: a pá oceânica, fina e alongada, usada para longas remadas, travessias e corrida de aventura; a pá de turismo, mais curta e mais larga em relação à oceânica, usada em corredeiras, slalom e turismo, e a pá em formato de concha.
O essencial é que o remo esteja em bom estado e tenha dimensão compatível com o caiaquísta. Para saber se o comprimento do remo é adequado, ficamos em pé com o braço levantado acima da cabeça; nesta posição devemos poder segurar, com a ponta dos dedos, a borda do remo colocado verticalmente a frente do corpo.

Colete de flutuação

Para ser eficaz, deve ter flutuação proporcional ao peso do canoísta e estar em bom estado de conservação. Os coletes podem ter abertura frontal ou lateral, bolsas para guardar pequenos objetos e podem ser confeccionados em diversos materiais. O canoísta deve estar acostumado ao seu colete e não sentir incômodo quando o utiliza, pois o desconforto termina provocando seu abandono comprometendo a segurança. Amarre um apito ao colete para ser utilizado em caso de necessidade de pedir ajuda e de indicar sua localização.

Saia

É uma coberta feita para ser ajustada no aro da cabine e na cintura do canoísta, vedando a entrada de água. Existem vários modelos de saias, realizados em diversos materiais. As de neoprene apresentam uma melhor estanqueidade e ajustes mais eficientes. Todos os modelos apresentam uma ou duas alças de segurança na parte anterior, para retirada rápida em caso de necessidade. Na hora de encaixar a saia no aro, é importante ter o cuidado de deixar as alças livres e viradas para cima. Para colocar a saia, encaixe a parte posterior, depois a anterior e finalmente as laterais.

Roupa e acessórios

Em dias de sol é importante proteger o corpo dos seus efeitos nocivos usando camiseta (de manga comprida se necessário), boné ou chapéu, óculos escuros e protetor solar. Em caso de chuva e vento, é melhor não sair para remar, mas, se sair, leve um agasalho com capuz tipo anoraque. Também pode ser uma boa ideia usar um calçado leve, para evitar o atrito dos calcanhares com o fundo do caiaque, e luvas de musculação, sem a ponta dos dedos, para proteger as mãos contra a formação de bolhas.

ESCOLHA DO CAIAQUE

Um caiaque é constituído dos seguintes elementos: casco, convés, alças de transporte, cabine, aro da cabine, orifício de escoamento de água com bujão de dreno, assento e apoio para os pés. Podem ter também um sistema de amarras externas sobre o convés para transporte de pequenos volumes, linha de vida (corda em torno do caiaque), quilha, leme, flutuadores de segurança, bombas de esgotamento d’água e compartimentos de carga.
Antes de adquirir um caiaque, devemos ter bem claro o que vamos fazer com ele, pois o comportamento da embarcação vai depender de algumas características. Um caiaque quando visto de frente pode ter um casco achatado, arredondado ou em “V”. Um casco plano oferece muita estabilidade estática (equilíbrio parado) e grande capacidade de carga, mas não assegura uma boa estabilidade direcional; um caiaque com casco arredondado associa estabilidades estática e direcional; os cascos em “V” conferem grande estabilidade direcional, mas é preciso ter equilíbrio para se manter seco.
Quando visto de perfil, o casco pode apresentar um fundo (linha de quilha) reto dando ao caiaque uma excelente estabilidade direcional, comportamento desejável em provas de velocidade e em percursos longos sem muitas mudanças de rumo. Um fundo arqueado reduz a estabilidade direcional, proporcionando grande agilidade nas manobras, característica favorável em slalom e corredeiras.
O comprimento e a largura do casco, assim como a altura do convés, também têm grande importância no comportamento do caiaque. Os caiaques mais longos têm maior estabilidade direcional e menor capacidade de manobra; os mais largos são mais fáceis de manter o equilíbrio e mais lentos; os mais finos são mais velozes, porém, têm pouca estabilidade estática. Um convés alto aumenta a reserva de flutuação e oferece mais proteção contra respingos, mas torna o caiaque mais suscetível à influência do vento, podendo dificultar muito uma remada no mar.
Uma vez definida a utilização e as características do caiaque, devemos nos assegurar de que poderemos permanecer sentados durante algumas horas na cabine. No início, como já foi dito, é comum sentir um certo incômodo devido à falta de costume com a posição, sendo necessário um tempo de prática para os músculos posteriores da coxa e da região lombar se alongarem e para os músculos do tronco e dos braços se fortalecerem, atenuando assim as dores sentidas quando se está começando. No entanto, alguns caiaques podem apresentar particularidades, ou defeitos de construção, comprometendo definitivamente sua utilização para algumas pessoas.
Para saber se um caiaque é adequado, seria preciso remá-lo por algum tempo. Como isso nem sempre é possível, devemos pelo menos entrar e sentar na cabine, verificando se existe um apoio de pés compatível com o comprimento das pernas. Alguns caiaques têm cabine estanque com múltiplos apoios de pés nas laterais, outros, sem cabine de segurança, possuem apoio regulável. É importante também observar se o assento mantém o corpo firme ao caiaque sem apertar e verificar se o apoio das coxas sob a coberta é confortável.
Quando a opção for comprar um caiaque de segunda mão, os seguintes elementos devem ser conferidos: flexibilidade e presença de rachaduras na cabine, assento, casco e convés; desgaste das pontas de proa e de popa; defeitos nas juntas laterais; firmeza do aro da cabine e presença de asperidades que possam rasgar a saia; firmeza dos apoios do assento; desgaste da linha de quilha principalmente nas extremidades; estado dos apoios de pés e dos parafusos e, finalmente, o estado das alças de proa e de popa.

REMAR NO RIO DE JANEIRO

No início, é melhor procurar locais abrigados, com poucas ondas e ventos, onde seja possível embarcar com facilidade e treinar em segurança. As praias no interior da baía são as mais recomendáveis, apesar da poluição da água. As praias oceânicas também são bons locais para embarque quando o mar está calmo, com a vantagem de terem águas mais limpas. Seja como for, o lugar deve ser acessível de carro para evitar percorrer longas distâncias carregando o caiaque nos ombros.

Praia do Flamengo

Praia com cerca de 1km de extensão cujo acesso é feito pelo Parque do Flamengo. É possível embarcar tranqüilamente em qualquer ponto da praia, porém, a única entrada para carros é a que serve à Marina da Gloria onde há um estacionamento. A água não é limpa e permanentemente classificada como imprópria para o banho, mesmo assim, a praia é bastante freqüentada por banhistas e pescadores.

Praia de Botafogo

Com 800m de extensão, fica na Enseada de Botafogo, onde estão situados o Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros e o Iate Clube do Rio de Janeiro. Por estarem abrigadas, suas águas são muito tranqüilas e, por isso mesmo, mais sujas. Existem três acessos para carro, sendo que o melhor está situado ao lado do Botafogo de Futebol e Regatas, no final da Avenida Pasteur, perto de um posto de gasolina, logo no início da pista do Aterro. Os outros ficam no meio da pista sendo preciso muito cuidado para entrar e sair. Não há estacionamento no local.



Praia da Urca

Situada na enseada de Botafogo, sua principal característica é a presença do antigo Cassino da Urca. Suas águas calmas e sua pequena extensão fazem com que fique congestionada nos fins de semana de verão. A pista estreita e em mão dupla dificulta parar o carro para descarregar os caiaques e, para encontrar uma vaga, é preciso chegar cedo. Assim como as Praias do Flamengo e de Botafogo, suas águas são muito sujas e a areia apresenta alta concentração de fungos e parasitas.



Praias de Dentro e de Fora

Estão em área militar sendo portanto de acesso restrito. A Praia de Dentro é pequena, tem um cais e é cercada por uma balaustrada branca. Suas águas calmas são turvas e frequentemente cheias de lixo flutuante, diferente da de Fora que, por ser mais exposta, apresenta águas mais limpas e movimentadas. O atrativo maior da Praia de Fora é a presença da Fortaleza de São João e do marco da fundação da cidade.

Praia de Dentro

Praia de Fora

Fortaleza de São João
Na costeira da Urca existem ainda dois acessos ao mar: uma rampa de concreto perto da entrada da Fortaleza de São João e o Quadrado da Urca com seu pequeno cais.


Praia Vermelha

Localizada na entrada da baía de Guanabara, tem 243m e sua areia é grossa e avermelhada. O acesso é feito pela Av. Pasteur até a Praça General Tibúrcio, próxima à estação do teleférico do Pão de Açúcar. Por estar fora da baía, suas águas são mais limpas, mas o mar pode ficar agitado em certas ocasiões, dificultando o embarque, porém, na maior parte do ano oferece boas condições para sair e treinar. Muito freqüentada por banhistas, mergulhadores, pescadores e canoístas. A Ilha da Cotunduba é a Ilha mais próxima, sendo uma boa opção de passeio. 



Copacabana

O melhor lugar para sair de caiaque em Copacabana é o Posto 6. Entre a colônia de pescadores e o Clube dos Marimbás existe uma pequena via dando acesso ao quartel do G - Mar e à praia, por onde é possível passar com os caiaques diretamente até o mar, porém, é preciso ser rápido para não atrapalhar a saída de viaturas dos bombeiros. Nesse canto de Copacabana, mesmo em dias de mar um pouco mexido, as condições para embarque e desembarque são boas. As atrações mais próximas são as ilhas do Arquipélago das Cagarras.

Ipanema

Quando não há vento forte e as ondas são pequenas, dá pra sair e remar sem problemas, contudo quando o mar está batendo fica muito difícil embarcar. Dependendo do vento, pode ser mais fácil sair pelo Arpoador ou no final do Leblon, onde estiver mais abrigado. Não existem bons lugares para parar o carro perto da praia sendo necessário carregar o caiaque pela rua, mas as Cagarras estão logo alí.

Barra

A praia da barra não é o melhor lugar para se iniciar na canoagem, pois é muito exposta, mas se for a mais próxima de sua casa, prefira o início da praia, perto do Quebra Mar ou até mesmo as margens do Canal da Joatinga para ter tempo de se preparar para furar as ondas antes de alcançar o mar. É o local de embarque mais próximo das ilhas Pontuda, Alfavaca e do Meio, no arquipélago das Tijucas.

Grumari

Área de Proteção Ambiental desde 1987, a praia de Grumari conserva bem sua paisagem primitiva. Os morros ainda são cobertos de mata atlântica e sobre a faixa de areia resiste rara vegetação de restinga. O local é muito freqüentado por surfistas, devido às boas ondas e às águas limpas. O melhor ponto para embarque de caiaque ou canoa fica no final da praia, onde ficam fundeados os barcos dos pescadores locais. As atrações da região são as ilhas Das Peças e Urupira e as Praias do Meio, Perigoso e das Conchas.
O acesso é feito pela estrada que começa depois da ponte sobre o Canal da Macumba à esquerda, passa pela Prainha e por Grumari e continua até a Barra de Guaratiba. 

TRANSPORTE DO CAIAQUE

Para chegar aos pontos de acesso ao mar é preciso transportar o caiaque amarrado a um rack colocado sobre o teto do carro. Os barcos podem ser colocados de qualquer maneira (casco para cima ou para baixo, proa para frente ou para trás) desde que fiquem bem presos. Use, de preferência, fitas de nylon com travas, senão, amarre com tensores elásticos ou cordas.
Pelas normas de trânsito, o comprimento do caiaque não pode ultrapassar o do carro e a altura não pode exceder 50 centímetros contados a partir do teto. No Município do Rio, o transporte de caiaques extrapolando esses limites é bem tolerado, se sinalizado com um pano vermelho amarrado na extremidade traseira. Carregar um caiaque de maiores dimensões em rodovias federais requer uma Autorização Especial de Transporte - AET concedida pelo DNIT (http://www.dnit.gov.br/).

TREINAMENTO

Antes de sair propriamente remando, é importante praticar as técnicas e manobras em condições de mínimo risco. No início, treine bastante, no seco e perto da praia. Preocupe-se em dominar o manejo do remo e as manobras básicas como entrar e sair do caiaque, se lançar na água embarcado, entrar e sair em águas profundas, remar adiante, remar em ré, fazer leme de popa, capotar e tirar água. Esteja sempre acompanhado de um amigo para ajudar no que for preciso.
O treino das manobras permite desenvolver as habilidades necessárias ao domínio e ao manejo do caiaque em diversas circunstâncias, mas, para alcançar objetivos mais distantes, é preciso condicionar o sistema cardiorrespiratório e muscular ao esforço prolongado. Quando tiver desenvoltura para controlar o caiaque, comece a remar em trajetos mais longos, sempre perto da praia. Reme 30 minutos e depois vá aumentando o tempo até chegar a uma hora. Quem pode remar uma hora seguida, pode ir e voltar da ilha da Cotunduba, saindo da Praia Vermelha ou chegar nas praias de Guaratiba partindo de Grumari.

REPERTÓRIO DE MANOBRAS

Manejo do remo

Devido à torção do plano das pás, é preciso fazer um giro da haste do remo. Uma das mãos segura e faz um movimento de extensão do punho como na aceleração de uma moto; a outra mão segura frouxa para permitir o giro e depois firma para a puxada do remo. Pratique um pouco no seco.

Entrar no caiaque

Coloque o caiaque no seco. Sente-se na parte posterior do aro da cabine como se estivesse num cavalo. Apoie as mãos no convés de popa e, em seguida, passe as pernas para dentro da cabine. Apoiando-se nos braços, empurre as pernas para o fundo da cabine e sente-se no banco. Tenha o cuidado de suspender a saia para evitar se sentar em cima dela. Prenda a saia no aro, deixando a alça de abertura solta. Treine sair do caiaque fazendo o movimento inverso.

Lançar-se ao mar embarcado

Para lançar o caiaque a partir de uma costeira de pedras, coloque o caiaque de lado para a margem, embarque e fixe a saia no aro, tomando cuidado de deixar as alças de abertura livres. Jogue o corpo para o lado e empurre o caiaque de maneira a deslizar lateralmente até a água. Numa praia, o lançamento será feito de frente. Depois de entrar no caiaque e de prender a saia, vá empurrando o caiaque, de um lado com a mão e do outro com o remo, até entrar na água e poder remar.

Lançar o caiaque ao mar

O caiaque pode ser lançado na água ao mesmo tempo em que você monta sobre ele, deitado de barriga para baixo como numa prancha ou diretamente sentado “a cavalo”. Você também pode lançar o caiaque na água e nadar ao seu lado, para depois embarcar.

Embarcar em águas profundas

Para entrar no caiaque na água, onde não se tem mais pé, suba no caiaque de bruços, atravessando o corpo pela entrada da cabine. Jogue uma perna para cima do caiaque ao mesmo tempo em que gira o corpo até ficar de frente para a proa. Levante-se e sente-se “a cavalo” sobre a parte posterior do aro da cabine. Em seguida, proceda como para o embarque no seco.

Remar adiante

Para remar para frente, coloque uma pá do remo na água o mais distante possível, na direção da proa, mantendo a mão do lado oposto na altura do rosto. Puxe a pá que está na água firmando o pé do mesmo lado e, ao mesmo tempo, empurre com a mão oposta. É muito importante fazer uma rotação do tronco durante a remada, pois seus músculos são mais potentes e poupam a  musculatura dos braços e ombros. Quando a pá da remada chegar na altura do quadril, retire-a da água, faça o giro do remo e repita do outro lado. O deslocamento do caiaque para a frente será acompanhado de um pequeno desvio para o lado oposto ao da remada.

Remar em marcha à ré

Coloque uma pá na água ao lado do caiaque, mais para a direção da popa. Mantenha o braço do lado oposto esticado para a frente, depois, empurre a pá do lado da remada e puxe o outro lado. Retire a pá da água, gire o remo e repita tudo do outro lado. O caiaque vai se deslocar para trás com um ligeiro desvio para o lado oposto da remada.

Varredura

Utilizada para mudanças de rumo. Incline o corpo para frente e coloque a pá do remo o mais próximo possível da proa. Em seguida puxe o remo, descrevendo um arco de circunferência começando na proa, se afastando do caiaque e terminando na popa, novamente próximo ao casco.

Apoios

As manobras de apoio são utilizadas principalmente para evitar uma capotagem. No apoio baixo, coloque a pá do remo sobre a água, mantendo a haste do remo abaixo dos cotovelos. Force a pá para baixo e apoie-se sobre o remo. No apoio alto, a haste do remo fica na altura do rosto e acima da linha dos cotovelos. Em caso de ondas laterais, incline ligeiramente o barco na direção da onda e faça o apoio sobre ela.

Leme de popa

Utilizado para fazer mudanças de direção. Com o barco em movimento, coloque uma pá na água, em posição vertical, colada à parte traseira do caiaque e segure nessa posição. O braço desse lado fica esticado para trás e o outro passa pela frente do peito. O barco vira para o lado onde foi feito o leme e, ao mesmo tempo, perde velocidade. Para virar mais rápido, basta fazer uma varredura em ré , afastando a pá do caiaque num movimento circular em direção à proa, neste caso, o efeito freio será mais forte.

Capotagem

Com o barco capotado e de cabeça para baixo, mantenha a calma e solte o ar lentamente pelo nariz. Solte a saia, apoie as mãos nos lados da cabine e incline o corpo para frente. Depois empurre o caiaque para frente e tire as pernas esticadas do fundo da cabine. Após ter saído, volte à tona mantendo uma das pernas dentro da cabine para não perder o caiaque. Segure o remo com uma das mãos ou tenha-o amarrado ao caiaque com um cabo.

Tirar água

Depois de capotar e sair do caiaque será preciso tirar a água antes de voltar a embarcar. Na falta de uma bomba, a água pode ser retirada com um recipiente de plástico ou com uma esponja. Uma outra maneira de tirar a água é suspender a proa, com o barco ainda emborcado, deixando escoar a água e desvirar rapidamente o caiaque. Outra forma é deitar de bruços sobre o convés de popa, segurar a parte anterior do aro da cabine e jogar o corpo para trás, puxando o caiaque para a água escorrer, ou ainda: com o caiaque emborcado, colocar o peso do corpo na popa, fazendo com que a proa levante e na medida em que a água for saindo, ir girando o caiaque até voltar à posição normal. Esses procedimentos não funcionam com barcos grandes e carregados.

Resgate em“T”

Para ajudar um amigo capotado, aproxime sua proa para ele segurar e pegue a proa do barco inundado. Em seguida, puxe o caiaque perpendicularmente sobre o convés do seu barco e suspenda a proa para a água escoar, tomando cuidado para não inundar sua cabine. Desvire o caiaque e coloque-o novamente na água segurando-o paralelo ao seu barco; depois, firme o caiaque para seu amigo embarcar com mais facilidade.

Formação de jangada

Muito utilizada nas paradas para repouso quando estamos em grupo. Para formar uma jangada, um remador pára e espera que outros dois acostem, um de cada lado, com as proas em direções alternadas para facilitar o desmembramento da jangada. Enquanto a jangada estiver formada, cada remador segura no aro dos caiaques vizinhos (ou amarrar com uma corda), enquanto os remadores das extremidades ficam incumbidos de manobrar o conjunto.

Reboque

Se por qualquer motivo um dos caiaquistas do grupo não puder conduzir seu barco, um reboque deverá ser providenciado. É importante ter sempre à mão uma corda, dotada de mosquetões nas extremidades para facilitar a amarração e de um segmento elástico, para reduzir o impacto causado pela tensão brusca da corda durante o reboque. Prenda uma ponta do cabo no colete, ou tenha uma pochete presa à cintura,  e a outra na alça de proa do caiaque a ser rebocado.

Remar com as mãos

Pode parecer incrível, mas existem situações em que podemos nos encontrar sem remo. Uma capotagem, uma pequena distração, um nó mal feito, qualquer coisa pode “desarmar” o canoísta. Por isso, treine remar sem remo. Incline o tronco para frente e com as mão em concha, reme alternadamente de um lado e do outro, como se estivesse com o remo. Nessas horas, podemos “calçar” uma sandália nas mão para aumentar a superfície propulsiva.

Desembarque em praia

Em praias com mar manso e sem ondas, o desembarque é muito fácil, mas em praias com arrebentação é preciso ter cuidado para não ser pego por uma onda e virar. Se as ondas forem pequenas, é possível se servir delas para surfar até a praia. Se forem muito grandes, é melhor parar, observar as seqüências e tentar sair no momento mais calmo. Se uma onda se formar atrás do barco, tente deixá-la passar sem arrebentar; se já tiver arrebentado, reduza a marcha ou freie deixando-a passar.

Desembarque em pedras

Em muitos pontos do litoral, os desembarques são feitos subindo em pedras. Uma opção é ancorar o caiaque, nadar até a costeira e, aproveitando o movimento das ondas, subir o mais que puder e segurar nas pedras deixando a onda descer, para depois subir pela costeira, tomando cuidado em apoiar bem os pés. Muitas vezes, quando o mar está manso, podemos subir na costeira levando os caiaques, mas nesse caso é preciso agüentar o peso do caiaque ou contar com a ajuda de um amigo para levar o barco para cima das pedras sem danificá-lo.

SOLTAR AMARRAS

Quando você dispuser de todo o material necessário e tiver adquirido confiança, habilidade e resistência para remar por algumas horas, poderá fazer pequenos passeios pelo litoral e descobrir, com toda segurança, lugares encantadores. O mar do Rio oferece inúmeras "trilhas" levando a vários destinos, entre ilhas, praias e sítios históricos. Solte as amarras e aproveite.