Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



sábado, 26 de junho de 2010

Estava na Praia Vermelha. 11 horas da manhã. Muito sol, muita luz, de ofuscar a vista fazendo os olhos cerrarem por vontade própria. O sol esquentava o dia que não estava quente nem frio.
Desde cedo os canoistas deviam estar no mar. Uns já voltavam. Juliano arrumava sua tralhas para ir embora. Uma dupla de pescadores colocava um caiaque na beira.
As gentes desse pedaço estavam por ali ocupados com seus afazeres. Neli na barraca vendendo côcos, alugando cadeiras e guardassóis, cercada de comadres de praia. Itália e Jorjão também estavam no lugar de sempre perto da quina da muralha do Círculo Militar. Esses dois passam os dias tricotando.
Nas areias, pouca gente. Gente se bronzeando, jogando frescobol, pescando, andando de um lado pro outro.
Essa é a praia Vermelha. Uma praia diferente, mas igual às outras. Diferente porque alí fica a base de vários clubes de canoagem e porque tem uma "colonia" de pescadores o que cria um ambiente particular de convívio de pessoas com experiências para além da linha de arrebentação. Essa tribo flutuante já viu tanta coisa no marzão. Quantas histórias de ondas, marés, ventos! Quantos momentos de contemplação e de pura amizade!
Diz o velho Catarino que a praia Vermelha até parece um pouco a de Aventureiros, mesmo sem ter nada a ver.   A praia Vermelha é diferente, mas é igual, acho que é isso que ele quer dizer.
O comandante estava lá pra consertar seu caiaque, mas com um frasco de catalizador vencido nas mãos resolveu ficar só olhando o mar. É gostoso sentir o vento no rosto tendo um horizonte aberto diante de si. Ao longe passavam enormes cargueiros entrando e saíndo do porto cheios de conteineres.  
Depois que se cansou de tanta luz, de tanta cor, de tanta beleza, levantou pegou a bicicleta e foi embora contente, numa paz tão grande que coisa alguma poderia causar aborrecimento. É isso a praia Vermelha.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Onde está o comandante?

A Letícia quer saber.

Ele está tentando se recuperar de um resfriado inoportuno que começou na segunda-feira após ter remado de montão com o Fábio Paiva no sábado e no domingo. Foi um esforço e tanto que fez para acompanhar o ritmo dos alaskeiros de Santos.

Além disso, está pensando em como vai fazer pra consertar as avarias produzidas pelo abalroamento com uma oc6 na saída da PV. A batida rachou o convés e abriu uma trinca na junção do casco perto da proa.

Uma semana antes do encontro com o Fábio, ficou tentando resolver um problema na tampa do compartimento de bagagem de proa que estava deixando entrar água. Tinha resolvido colocando silicone e fazendo novas boinas, mas agora a água voltou a inundar o caiaque.

Talvez fosse mais fácil entregar o barco para o seu Jorge lá no CRG, só que o comandante é teimoso e adepto do "faça você mesmo", então vai esperar uma oportunidade para colocar mãos à obra.

De qualquer forma não vai demorar, pois ele tem em mente fazer um passeio para Paquetá nas próximas semanas e pra isso o caiaque tem que estar impecável.

Enquanto esperamos o comandante, vamos conferindo as notícias do mar lá no blog "As Beiradas do Rio". Tá muito bom!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Remadão da Urca até Ilha Grande

Por Luiza Perin

Amigos!!!

Como é bom ter sonhos de vida simples!!! Esse final de semana realizei um de meus maiores sonhos!!! Fui remando do Rio à Ilha Grande!!! Remando!!!

E esse é um sonho verdadeiro que cultivo há anos, e que nunca achei que fosse estar perto o bastante para acontecer tão de repente!!! Fomos em uma canoa havaiana composta por uma guerreira equipe de quatro homens e duas mulheres. Vencemos o sono, a fadiga, a dor, o vento terral forte nos tirando da rota, ondas grandes, tubarões-tintureiro rondando a canoa, um mar sem fim com 135kms entre a partida e a chegada e 17 horas de trabalho muscular ininterrupto que nos levou da Praia da Urca diretamente à Praia de Abraão.

Saímos da Praia da Urca à 24hs30min desta sexta-feira e chegamos na Praia do Abraão às 17hs30min de sábado com os rostos brancos de sal ressecado na pele, dores musculares profundas, fome e enjôo, mas extremamente felizes e emocionados. Em todo esse tempo, paradas rápidas a cada duas horas de 5 a 10 minutos para comer, além de uma hora desembarcados em Barra de Guaratiba para um café da manhã.

Foi uma das maiores superações pelas quais já passei, redescobrindo novos limites do corpo, da força da mente e das imposições da Natureza. De presente, no meio da madrugada e no breu flutuante marinho em que nos encontrávamos, a maior estrela cadente que já vi na vida riscava o céu negro como um rabisco de giz deitado.

Pisando as areias macias da Praia de Abraão no fim do dia, de mãos dadas com meus amigos Dave Mcnigth, Douglas Moura, Lucas Fleuri, Jorge Freitas e Silvia Hargreaves e ao lado da guerreira canoa havaiana Ruahatu, percebi que fui forte o bastante para conquistar esse meu sonho e muito corajosa para encarar com esta equipe a façanha pioneira desta travessia sem barco de apoio, sem troca de remadores, sem parada para dormir e em uma temporada de outono com previsões de vento e ondas com poucas tréguas.

Estou muito feliz por descobrir essa força toda dentro dos meus 52 quilos de suposta fragilidade.

Só posso concluir que, quem passa por isso, supera qualquer dificuldade que a vida venha nos impôr.

Luiza Perin.

Declaração Universal dos Direitos da Água


Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.


A ONU redigiu um documento em 22 de março de 1992 - intitulado "Declaração Universal dos Direitos da Água"

1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.

2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.

3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.


Fonte: ONU

terça-feira, 22 de junho de 2010

Fábio Paiva no Rio

Não poderia ter sido melhor! Foi assim que os canoistas do Rio expressaram seu entusiasmo após o encontro com a equipe do Fábio em águas cariocas no ultimo sábado, 19 de junho.


O dia começou às 7:30 quando Fábio, Macuco e Guilherme partiram do hotel em direção à Praia Vermelha, aos pés do Pão de Açúcar, onde já eram esperados por mais de 20 canoístas do CCC e do PVV.


Na Praia Vermelha três canoas havaianas de 6 remadores mais dois caiaques duplos e três individuais estavam sendo preparados para o passeio até as Ilhas Cagarras. Flávia e Hélio partiram mais cedo em dois caiaques individuais para encontrar os canoistas do CRG que já estavam a caminho do ponto de encontro acompanhados pela baleeira do Wolfinho. As Canoas, uma feminina com Letícia, Andréia e Cia, zarparam um pouco depois.



Ao serem colocados na areia, os Molokai e o Rider da Opium trazidos pela equipe paulista logo despertaram o interesse e a curiosidade dos remadores que se referiam a eles como os formula 1 dos caiaques oceânicos. Para os caiaquistas, esses barcos foram uma das principais atrações do dia.



Às 9 horas os caiaques que ainda estavam na praia foram lançados ao mar e os oito remadores seguiram para o posto 6, onde se juntariam a mais três caiaquistas. Remaram entre o azul luminoso do céu e o verde das águas límpidas do mar moderadamente agitado que subia pelo costão do morro do Leme.  Macuco, Bruno e Marquinhos seguiram  remando bem próximo ao costão para brincar com as ondas. Fábio, Raffa e Gui passaram mais afastados contemplando as montanhas da cidade, com destaque para o Corcovado, a Pedra da Gávea e os Dois Irmãos.





A maré vazante, o vento nordeste e as ondas de popa embalaram os remadores até o posto 6, onde ficaram surfando até a chegada do Edu, Vini e Tufi. Comentavam sem parar sobre o privilégio de termos um litoral tão bonito e ilhas tão próximas da costa.





Eram, então, onze caiaquistas rumando para as Cagarras. Chegaram em meia hora e se uniram aos demais remadores que já estavam aglomerados em frente à Cagarra.  Além dos que vieram do posto 6 e das canoas havaianas do PVV, mais quinze caiaquistas do CCC e do CRG estavam lá. O grupo nesse momento contava com 26 caiaquistas e 18 havaianos. 44 canoístas ao todo!




Durante o tempo que ficaram por alí parados, alguns canoistas puderam experimentar os Molokai sob orientação do Fábio. O caiaque muito estreito e extremamente instável dava um tombo atrás do outro nos que tentavam domá-lo.





Depois que as canoas havaianas partiram de volta para a Praia Vermelha seguidas de alguns caiaquistas, o grupo restante foi contornar a Ilha Comprida para curtir um pouco mais o visual e as ondas que passavam atrás da ilha.








Os visitantes de Santos ainda foram até o Leblon antes de desembarcarem nas areias do Posto 6 para uma pausa. O Fábio aproveitou para fazer uma mini-clínica dando dicas e respondendo às perguntas dos presentes que mais uma vez tiveram uma oportunidade de testar os Molokai, agora em águas abrigadas.


Macuco teve que deixar o grupo por causa de um compromisso, mas foi substituído pelo Coelho que tinha chegado pela ponte aérea e estava seco pra remar. Já eram 3 horas da tarde quando desembarcaram na Praia Vermelha depois de enfrentar um vento de nordeste que forçou a remada mas deixou todo mundo satisfeito. Nos rostos aquela expressão cansada mas feliz pelo encontro e pelo dia sublime que a Cidade Maravilhosa havia reservado.

quinta-feira, 17 de junho de 2010



Pensei que o dia hoje fosse ser diferente, pois a Letícia disse que iria sair de oc1 e, finalmente, eu teria uma companhia pra remar pelas beiradas. Mas na hora combinada ela não apareceu. Foi dar uma volta de bike, visitar o Drummond. Só agora vi a mensagem que ela deixou no celular dizendo que descansaria os braços.

Há meses saio sozinho da PV seguindo de longe as velozes canoas de 6 e também as individuais.Tudo bem que o visual conforta os olhos e pode até render assunto, mas as vezes canso de mim mesmo.


O céu estava claro como esteve durante toda a semana. O frio era menor. O mar mais calmo. Saí em direção ao posto 6 tendo apenas meus pensamentos comigo. Não reclamo. As criaturas que surgem durante o transe canoístico são minhas íntimas, não há o que temer. O silêncio e a solidão são fundamentais para nossa eterna reconstrução.


Não teve susto nem tensão na passagem pela ponta do Leme. O vento era o mesmo de sempre: Nordeste. Até o posto 6 o caiaque deslizou quase sem ajuda do remador, mas na volta fui obrigado a apontar na direção do vento pra não sacrificar demais o braço direito.


O esforço e o tempo pra fazer o trajeto de volta não incomodam. Estamos aí pra remar mesmo. O bom disso é que prolongamos um pouco esse sublime momento de paz antes de encontrar a cidade desperta com seus barulhos e agitações. Tive mais alguns minutos pra vasculhar dentro de mim, para sair lentamente do torpor que muitas vezes me impede de ver melhor o que está acontecendo por dentro e por fora.

Não vi sujeira no mar e a água estava verdinha, clara e transparente.


quarta-feira, 16 de junho de 2010

O céu estrelado da noite de segunda já anunciava a bela manhã de terça. O dia chegou luminoso e poucos eram os fiapos de nuvem vistos da  Praia de Botafogo.


Tava frio. Menos que segunda, mas ainda frio. Então... taca agasalho, calça comprida, tenis e meia pra aquecer o corpo e não deixar esfriar o ânimo.

Era dia de testar os acessórios tabajara feitos no fim de semana para vedar a abertura dos bagageiros do caiaque. As alças de borracha e as boinas de vinil encaixaram perfeitamente, faltava ver se ainda entraria água.

Duas oc6 estavam deitadas na areia quase prontas para levar a rapaziada pro posto 6. O Pedro tinha sobrado e começou a aprontar sua oc1. A Letícia também estava por alí sem saber se ia na canoa de 6 ou solo.

Lançei o caiaque na água e, antes mesmo de montar, num vacilo, uma onda bateu de mau jeito fazendo o bicho atravessar de lado para a rebentação. A situação foi controlada nos braços, mas logo chegou outra onda pegando a lateral e jogando água e areia pra dentro da cabine. Num giro de 270 a proa ficou de novo de frente para as ondas, então me joguei junto com o caiaque atravessando a rebentação.

Felizmente não entrou muita água e o caiaque se manteve estável pra que eu pudesse entrar e esgotar a cabine com uma esponja. Mesmo com toda experiência refletida no grisalho dos cabelos ainda cato o maior cavaco nas beiradas da Praia Vermelha.

O trajeto foi feito seguindo o Hugo que ia na canoa do Pedro rasgando o mar bagunçado. Pedro e Letícia terminaram indo de oc6 mesmo. No costão do Leme um onda pegou o caiaque de lado, rebentando nas costelas e cobrindo o convés. Um tapa à esquerda, outro à direita e... ufa! Não virou. De manhã cedo o corpo tá meio lesado, os instintos meio adormecidos... Foi uma sorte não ter capotado.

Depois desse momento de tensão, o resto do percurso até o posto 6 foi tranquilo. O vento batia nas costas ajudando a maré a empurrar o caiaque que seguiu rapidinho aproveitando o mesmo embalo das canoas.


A volta foi mais complicada por causa do vento contra e da correnteza de vazante. O mar chapiscado brincava de gangorra nos grandes rolos que iam se espatifar nas areias de Copacabana, e ao passar pela ponta do Leme foi preciso muita concentração. Todo aquele pedaço tava o maior rebuliço.

Como disse a Lê, o desembarque na PV foi rápido e suave, sem atropelos. Ainda bem, pois a remada do dia já tinha dado uma boa dose de emoção.

Fico feliz de perceber que ainda conservo a confiança necessária para continuar me aventurando pelas trilhas do mar, mesmo que na esquina de cada costão tenha a impressão de que a etapa seguinte será mais difícil. Acho até que é isso que torna minha vida mais minha, que não preciso pegar nada emprestado dos anúncios da TV.

O resultado do teste dos itens tabajara? Bem, o mar agitado ainda conseguiu fazer uma poça no compartimento de proa, mas a quantidade de água era bem menor que a dos dias anteriores.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Meio Ambiente e sociedade: conversa tirada do fórum do CCC.

"A verdade que somos IMENSAMENTE privilegiados... A Cotunduba tb é uma graça e tb tantas ilhas por aí, eu que tenho casa em frente as ditas “ilhas tropicais” da Costa Verde vivo de cara com a beleza. Pena que uma beleza distante pq qdo chegamos perto vemos que mais que a beleza, a humanidade é uma merda!

Das Cagarras já mandamos (o Jean) até foto para o Globo ecologia, na baia encontramos inumeras praias nas mesmas condições da praia dos Milixos, lá na Costa Verde é sinistro o numero de praias com lixo acumulado nas encostas e praias, seja trazido pelo mar ou jogados in loco por farrofeiros, pesacadores e as redes fantasmas e marisqueiros irresponsáveis... esses ultimos então só MATANDO! Eles arrancam os mexilhões com cavadeiras e inutilizam as costeiras, nada cresce só alga verde, alga verde...

Ontem passou um programa falando sobre oque seria necessario para reverter esse triste quadro de degradação... compromisso! O compromisso de cada cidadão e tb dos grandes, empresas e governos em todas as escalas. Nossa, juro que me parece tão impossivel... acho que estamos ferrados! Eu, daqui, vou tentando fazer minha parte e a parte de mais alguem... sou meio chata mesmo e perturbo toda irregularidade dessas, levo meu lixo e recolho mais o do entorno... Meu Marcão diz que vou acabar igual Chico Mendes, com uma bala na cabeça!!! Ahhh mas me da dor fisica, juro, é um aperto no peito e no final ALGUEM (clarooo que não to falando eu, ou só eu) tem que fazer alguma coisa. O ABUSO TEM SIDO A REGRA! E não pode ser assim... irracionais são os animais? acho que somos nós!!! De uma maneira construtiva temos que fazer a diferença!!!

Bom, vou parar pq senão desfio um novelo inteiro."

Raffa

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"Pois é, Raffa

Tantas campanhas pró ecologia mas a pobreza de espírito é generalizada... A cada dia acredito menos que haja solução... :("

Maurício

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"Raffa,

Concordo com o seu desabafo, mas ainda tenho esperança, na verdade acho que somos vítima da esperança.

Atualmente trabalho no Projeto Grael e nesta semana do Meio Ambiente organizamos uma Gincana Ecológica e não esperava trazer um resultado tão positivo.

No dia 9, esta quarta, divididos nos turnos da manhã e tarde os alunos do Projeto Grael, que junto com professores e funcionarios fomos até a praia do Morcego ( pequena praia lotada de lixo que não tem acesso por terra que fica no caminho para Jurujuba- Niterói) e conseguimos recolher quase 400kg de lixo, desde pneus, inúmeras garrafas Pets. O mais positivo foi estimular o trabalho cooperativo.

Vamos visitar a praia do Morcego, pelo menos por um tempo estará muito menos suja. Um evento pontual, mas que vale por um estimulo a muitas outras ações parecidas.

Vamos mantendo contato

Forte abraço"

Vini

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"Raffa,

Sua mensagem me fez lembrar da Guaíba. Ilha linda, 1/4 dela destruída para dar lugar ao porto mas o resto intocado, lindo. E quem é a dona. A Vale. A maldita Vale que gosta de fazer propaganda de ecologicamente correta. Não cuida nem de sua própria ilha. É lixo que não acaba mais, e ainda há uma construção em cima da areia. Dividiram a praia em duas, nunca tinha visto aquilo. É muito engraçado ver essas empresas que vivem do consumismo desenfreado e irracional fazendo propaganda sobre a felicidade, a ecologia, etc..."

Léo

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"As campanhas ambientalistas parecem ter como único objetivo a conservação de recursos para que continuemos produzindo com custos reduzidos ao máximo e consumindo sem limites a preços irrisórios.

A questão ambiental extrapola a visão conservacionista e, segundo especialistas, o problema está nos valores adotados pelas sociedades. Hoje parece estar claro que se mantermos a mentalidade de que alto nível de consumo é sinonimo de qualidade de vida nada poderá ser feito. Daí aquela frase falando que a grande questão ambiental não é deixar um planeta melhor para as próximas gerações, mas sim deixar uma próxima geração melhor para o planeta.

Mas quantos de nós ao menos tenta passar valores mais humanos para os filhos? Quem hoje em dia é capaz de reduzir voluntariamente seu consumo sem se sentir menor por isso? Quem vai optar por um carro pequeno e mais econômico e deixar o carrão tração nas quatro na concessionária? Quem vai se deslocar de bicicleta? Alguém já pensou que o rendimento de um automóvel beira ridículos 3%, de forma que para cada 100 litros de combustível, apenas 3 servem de fato a transportar o condutor? Quantos de nós separa o lixo em casa? Quem ao menos sabe que a comlurb cobre mais de 90% da cidade com coleta seletiva?

O que quero dizer é que se os problemas são grandes e variados, mais diversas são também as possibilidades de ação.

É claro que as campanhas são importantes para chamar a atenção para os problemas sociais e ambientais que nos afligem, mas creio que somente com uma mudança radical de valores será possível superar a crise civilizatória na qual estamos submersos.

Sou da opinião de que tem jeito, sim. Sim, acho que há esperança. E não poderia ser diferente, a não ser que quisesse lavar minhas mãos e deixar tudo como está. Cada um de nós pode fazer algo de significativo, bastando para isso agir de acordo com sua consciência. Honestidade é isso. Segundo os filósofos estóicos (budistas e taoistas também) devemos agir de acordo com nossa natureza e só devemos nos meter com aquilo sobre o que podemos exercer nossa vontade. Não adianta querer mudar o mundo, pois isso está fora do nosso controle. A única coisa que controlamos (ou pelo menos podemos controlar) é a nossa vontade.

Se queremos devorar o mundo, o mundo será devorado, não tem jeito.

Então? Qual é nossa vontade? Temos fome de que afinal?

Vejam esse vídeo e respondam sinceramente.


E estejam certos de que o planeta não precisa de nós (ele vai se safar mais uma vez). Nós é que precisamos dele."
 
Rodrigo

domingo, 13 de junho de 2010


Quinta-feira não fui remar porque estive na Lapa na véspera assistindo ao show de lançamento do disco "Negro Canto" (http://www.marciothadeu.com/). Passei uma noite muito agradável ouvindo uma seleção de canções compostas por autores negros na voz de Márcio Thadeu acompanhado por uma banda super competente, só que o show acabou muito tarde pra quem tem que estar na praia às 6.

Mas aproveitei uma folga no meio do dia para fazer um saco estanque de baixo custo (SEBC) com  material que eu e Raffa compramos na SAARA quarta de manhã. Fiz um saco estanque grande colando um bom pedaço de lona vinílica amarela semi-transparente e ainda sobrou o bastante pra fazer um menor. Olha só que beleza.


Numa outra oportunidade escreverei um passo-a-passo com fotos para quem quiser tentar fazer um. Não é difícil, só precisa de algumas manhas para que o resultado fique perfeito na função e na aparência. Aliás, quando for fazer outro, prometo chamar a rapaziada da canoagem para uma "demonstração pública", assim cada um poderá fazer o seu quando precisar.

Também não fui conferir as beiradas ontem. Tô atacado da febre do bicho carpinteiro, então comecei a dar uma geral no equipamento, principalmente no sistema de fechamento dos compartimentos de bagagem do  caiaque. Já tinha colocado silicone na tampa da proa, o que eliminou boa parte do problema de entrada de água, mas resolvi fazer um o-ring de borracha e uma boina nova de lona vinílica pra ver se o compartimento fica completamente estanque.

Se tudo der certo, se o tempo e o mar permitirem, estarei na PV na terça para testar os acessórios tabajara.

terça-feira, 8 de junho de 2010


Acordei às 4, bem antes do despertador, e fui logo pra PV. A noite ainda nem havia puxado o dia que assim mesmo vinha chegando meio distraído. 


Hoje a novidade ficou por conta da presença do Gustavo e do Luiz que vieram remar na PV bem cedinho. Coisa boa ver mais dois caiquistas dispostos a enfretar o frio da madruga pelo prazer de uma paisagem.


Pouco a pouco foram chegando os outros canoístas, todos devidamente agasalhados, se perguntando o que estavam fazendo na praia naquele frio. Cada um deve ter encontrado sua resposta, pois logo estavam na água remando.

Letícia, com seu sorriso que parece uma praia, foi com a Teté levar a Abaeté pro Seu Jorge consertar.  Eu, Gustavo, Luiz e Chinês fomos pro posto 6 driblando o mar encrespado ao sabor das ondas grandes e  da corrente a favor que nos embalaram até a laje sem sobresaltos. Os tubos ainda estavam lá revelando a transparência e o verdor da água.

Na volta o ventinho gelado fez o trajeto mais severo, mas sem crueldade. A cada remada, um sorriso largo vinha despistar o frio que encompridava a madrugada. O barulho do mar batendo na proa virava música. O caiaque querendo voar de encontro ao céu das gaivotas... 


Com mais algumas remadas estava deslizando para a praia. Subi o caiaque pela areia e esperei o Gustavo e o Luiz que vinham com cuidado.  Já não nos perguntávamos o que fazíamos alí. Na cara de cada um dava pra adivinhar os motivos.